Eu era menino E vi o pai e a mãe levantar Quatro da manhã Pra prender o gado que vinha buscar
Em um caminhão Vi eles parti pro canavial Fica rezando Sozinho em casa pros dois voltar
Oi, eu era um boinha Filho de bóia fria Tinha o destino na minha mão Não era cartilha, não era estudo, não era nada Era um facãozinho Que o pai me fez com o seu facão
Era de madeira O cabo em forma de coração Com a ponta afiada Como convinha um bom facão
Nele o pai gravou Algumas palavras com devoção Pro meu filho amado O meu boinha com emoção
Um dia o pai voltou Ele mais a mãe dentro de um caixão Numa ribanceira Rolaram os dois com o caminhão
O gato maldito Escapou com vida da confusão Veio me abraçar E morreu na ponta do meu facão
Oi, eu era um boinha Filho de bóia fria Tinha o destino na minha mão Não era cartilha, não era estudo, não era nada Era um facãozinho Que o pai me fez com o seu facão
Sendo de menor Não paguei meu crime numa prisão Fiquei só no mundo Com esse remorso no coração
Pois na hora do enterro Veio um menino e me deu a mão E falou chorando Sou o gatinho do caminhão
Ele era menino E via o pai sempre levantar As seis da manhã Pra ir buscar seu povo pra trabalhar
Com seu caminhão Via o pai partir pro canavial Fica rezando Sozinho em casa pro pai voltar
Oi, eu era um gatinho Filho de um chofer Tinha o destino na sua mão Não era cartilha, não era estudo, não era nada Era um caminhãozinho Que o pai lhe fez com o seu coração
Compositor: Benedito Ruy Barbosa (SICAM)Editor: Peermusic do Brasil (UBC)Publicado em 1985 (21/Ago)ECAD verificado obra #70477 e fonograma #5974 em 01/Abr/2024 com dados da UBEM