É um dia de real grandeza, tudo azul Um mar turquesa à la Istambul enchendo os olhos E um sol de torrar os miolos Quando pinta em Copacabana A caravana do Arará - do Caxangá, da Chatuba
A caravana do Irajá o comboio da Penha Não há barreira que retenha esses estranhos Suburbanos tipo muçulmanos do Jacarezinho A caminho do Jardim de Alá é o bicho, é o buchicho, é a charanga
Diz que malocam seus facões e adagas Em sungas estufadas e calções disformes Diz que eles têm picas enormes E seus sacos são granadas Lá das quebradas da Maré
Com negros torsos nus deixam em polvorosa A gente ordeira e virtuosa que apela Pra polícia despachar de volta O populacho pra favela Ou pra Benguela, ou pra Guiné
Sol, a culpa deve ser do sol Que bate na moleira, o sol
Que estoura as veias, o suor Que embaça os olhos e a razão E essa zoeira dentro da prisão Crioulos empilhados no porão De caravelas no alto mar
Tem que bater, tem que matar engrossa a gritaria Filha do medo, a raiva é mãe da covardia Ou doido sou eu que escuto vozes Não há gente tão insana Nem caravana do Arará
Compositor: Francisco Buarque de Hollanda (Chico Buarque) (UBC)Editor: Marola Edicoes (UBC)Publicado em 2017 (12/Nov) e lançado em 2017 (01/Ago)ECAD verificado obra #16887930 e fonograma #14280379 em 23/Out/2024 com dados da UBEM